Vamos nos conectar: Indie Selects para maio de 2025

Imagem de Indie Selects

Os jogos são um meio excelente, embora às vezes inesperado, para se sentir conectado. Obviamente, existem jogos multiplayer online que, por definição, nos conectam, mas essa palavra, conexão, tem significados completamente diferentes e sutis para cada um de nós.

Seja pensando nas conexões que temos com nossa cultura, com a natureza, com memórias calorosas, ou até mesmo aproveitando um tempo com amigos e familiares, buscamos a conectividade para enriquecer nossas vidas.

Mesmo sendo tão diferentes quanto se possa imaginar, ao olhar para os seis jogos indie que nossa equipe do ID@Xbox selecionou a dedo para este mês, ficou claro que, se havia um tema que os unia, esse tema era a conexão.

Imagem do Indie Selects

E como em todo mês, nossa equipe está conectando você a alguns de nossos títulos indie favoritos. Seja você alguém com vontade de experimentar designs e personagens nostálgicos, narrativas sobre crescer durante um momento histórico decisivo, uma jornada imersiva unida por duas perspectivas contrastantes, ou no sentido literal de conectar seu telefone ao Xbox para iniciar um jogo com amigos, cada título que apresentamos a você este mês oferece uma maneira única de experimentar a conexão de uma forma ou de outra.

Aqui está o que temos para você neste mês (sem nenhuma ordem específica):

Despelote

Imagem do jogo Despelote

Jairo Lopes: ambientado em Quito, em 2001, enquanto o Equador se aproxima da classificação para sua primeira Copa do Mundo e ainda enfrenta uma crise econômica, esta narrativa em primeira pessoa conta uma história profundamente pessoal e pseudo-autobiográfica sobre futebol, comunidade e crescimento, através dos olhos dos dois desenvolvedores, Julián Cordero e Sebastian Valbuena.

O jogo ilustra de bem poderosa como o futebol muitas vezes serve como uma válvula de escape – um fio de esperança entrelaçado em tempos desafiadores.

As mecânicas de chutar a bola são o coração pulsante do jogo e estão muito bem conectadas aos controles intuitivos e leves. O game é jogado em uma perspectiva de primeira pessoa, se desenrolando ao longo de alguns dias, cada um relacionado às partidas do Equador nas eliminatórias da Copa do Mundo.

Você verá ecos desses momentos cruciais espalhados pelo mundo – em rádios, conversas nas ruas e televisores. O gameplay mistura suavemente pequenas missões narrativas com a constante distração de uma bola, ou qualquer outra coisa que você possa chutar, rebater nas paredes ou passar entre as pernas das pessoas, o que pode levar a consequências e a uma escrita muito refinada.

Talvez eu seja tão atraído por Despelote porque o futebol foi uma grande parte da minha vida enquanto crescia no Brasil. Ainda me lembro de sair correndo da escola para jogar na rua com amigos até minha mãe me chamar para o jantar. Eu também já vi de perto como o esporte se torna uma linha de sobrevivência durante a instabilidade política, dificuldades econômicas e desigualdade social.

Para mim, Despelote destaca lindamente essas duas coisas. E mesmo que você nunca tenha sentido esse tipo de ligação com o esporte, não se preocupe, este ainda pode ser um jogo para você – e talvez ajude a entender o que isso significa para nós que sentimos.

Sunderfolk

Imagem do jogo Sunderfolk

Raymond Estrada: noites de jogos presenciais com amigos são extremamente divertidas, mas podem ser um pouco intimidadoras para alguns, especialmente se os jogos começarem a se inclinar para uma jogabilidade mais complexa e estratégica. É aí que entra Sunderfolk, um RPG tático cooperativo de sofá, por turnos, com uma reviravolta surpreendente graças à inclusão de controles inovadores por smartphone.

À primeira vista, a jogabilidade lembra jogos de tabuleiro populares como “Gloomhaven”, com mecânicas incrivelmente densas, objetivos, eventos, modificadores e assim por diante. Esses são jogos incríveis, mas esse nível de jogabilidade intensa, que exige conhecimento, pode parecer quase inacessível para jogadores iniciantes como eu. É aqui que Sunderfolk se destaca, simplificando muitos desses elementos.

Você inicia o jogo, todos baixam o aplicativo mobile pelo QR code exibido na tela, e cada um escolhe entre seis classes familiares e pré-construídas, representadas por animais antropomórficos com design incrível. E assim, quem não gostaria de jogar como um “bearserker” gigante?

Não há fichas de personagem para personalizar, todos estão prontos para começar desde o início e são jogados diretamente na campanha. Cada classe desempenha um papel específico que pode ajudar seu grupo ao se movimentar no tabuleiro de hexágonos, causar dano e empurrar inimigos ou fornecer buffs/debuffs.

Existem armas, itens e habilidades que podem ser equipados para afetar os atributos, e alguns elementos de construção de baralho, mas você não terá uma parede de texto para memorizar. Mas só porque a configuração é simples não significa que Sunderfolk venha sem complexidade.

À medida que você sobe de nível, ganha novas habilidades, mas precisa escolher quais levar para cada missão. As próprias missões podem ter diversos objetivos que vão além de “vá matar isso” – às vezes você precisará escoltar NPCs para um lugar seguro ou resolver um enigma. Também existem alguns aspectos competitivos no jogo, já que ouro e tesouros não são compartilhados. Então, enquanto você prioriza derrubar um inimigo, outra pessoa pode estar gastando o turno indo atrás do baú de tesouro brilhante que você queria.

Há tantos elementos que eu fiquei positivamente surpreso de ver feitos tão bem. O principal e mais evidente destaque é o fato de que entrar em uma campanha com um celular foi tão fácil quanto configurar um jogo do Jackbox Party.

No entanto, minhas duas coisas favoritas não foram o que eu esperava. A primeira é nomear coisas no jogo. Ocasionalmente, você terá a oportunidade de nomear coisas como o Mercado da Cidade, Santuários, classes inimigas, comidas na taverna e muito mais. Dá pra dizer que as coisas ficaram rapidamente fora de controle.

Além disso, preciso mencionar a dubladora Anjali Bhimani, que faz o papel do GM (Game Master – A pessoa que cria e conduz as campanhas). Esta foi uma adição encantadora e bem-vinda que eleva uma típica história de aventura a algo tão memorável. Tenho certeza de que jogar sozinho seria uma experiência divertida, mas tem sido tão emocionante jogar em grupo que eu preciso recomendar essa experiência para compartilhar com amigos.

Post Trauma

Imagem do jogo Post Trauma

Steven Allen: Desenvolvido pela Red Soul Games, Post Trauma é um jogo de survival horror que mergulha profundamente na psique humana. Você joga como Roman, um condutor de trens aposentado que acorda em um mundo estranho e perturbador, que parece um pesadelo tornado realidade.

Enquanto explora, resolve enigmas e junta os pedaços do passado de Roman, o jogo lentamente, mas de forma certeira, o leva para uma história arrepiante e comovente que realmente fica com você.

Desde o começo, a atmosfera me cativou. Os visuais são assustadoramente belos, com cada ambiente parecendo cuidadosamente elaborado para te deixar desconfortável da melhor maneira possível.

O design de som também foi um toque excepcional. Desde os ruídos ambientes inquietantes até aqueles sons musicais repentinos que dão arrepios na espinha, tudo trabalha junto para mantê-lo apreensivo.

Ao final da minha jogatina, fiquei surpreso com o quanto eu tinha me conectado à história. Embora seja fácil focar nos sustos repentinos ou nas criaturas assustadoras (e há muitos de ambos), trata-se realmente da jornada de Roman: seu trauma, suas memórias e o peso que ele carrega.

Os enigmas também contribuem para esse senso de imersão. Eles são desafiadores, mas não extremamente frustrantes, e resolvê-los é genuinamente satisfatório.

Para veteranos de Silent Hill ou os primeiros Resident Evil, Post Trauma parecerá familiar da melhor maneira possível em termos de jogabilidade e atmosfera, enquanto ainda traz sua própria voz e estilo únicos com sua narrativa.

Post Trauma foi uma experiência surpreendentemente emocional e envolvente que ficou comigo muito tempo depois que os créditos terminaram. Pegue seu controle, apague as luzes e veja onde a história de Roman te leva. Só… talvez não jogue sozinho.

Lushfoil Photography Sim

Imagem do jogo Lushfoil Photography Sim

Jessica Ronnell: Lushfoil Photography Sim é um jogo sereno de exploração e fotografia em primeira pessoa criado por Matt Newell. Usando o Unreal Engine 5, ele apresenta ambientes reais onde você pode explorar e capturar fotos deslumbrantes com uma câmera DSLR dentro do jogo. Em um mundo que raramente desacelera, este jogo oferece um raro santuário: paz.

Jogar foi como um retiro virtual. Sem missões, sem pressão. Apenas eu, uma câmera e algumas das paisagens virtuais mais impressionantes que já vi. Desde os picos cobertos de neve dos Alpes franceses até a tranquilidade serena de um templo japonês, cada ambiente parecia vivo e profundamente meditativo.

Não era apenas sobre tirar fotos; era sobre aprender a enxergar. Ajustar a abertura, experimentar o foco e buscar a luz perfeita—os mecânicos da câmera eram tão realistas que frequentemente esquecia que estava em um jogo.

O que realmente ressoou comigo foi a quietude. Eu fazia pausas para ouvir o vento ou observar as nuvens se moverem. Descobria caminhos ocultos, encontrava surpresas encantadoras e curava uma galeria que parecia um diário de viagem pessoal.

Apesar do nome, Lushfoil Photography Sim não é apenas um simulador, ele é um lembrete gentil para desacelerar, olhar mais de perto e apreciar a beleza nos momentos de quietude.

Two Falls (Nishu Takuatshina)

Imagem do jogo Two Falls

Oscar Polanco: Two Falls (Nishu Takuatshina) é um jogo no estilo “Walking Simulator” com foco em narrativa ambientado no século XVII, em meio à natureza selvagem do que é hoje o Canadá.

Este jogo episódico em primeira pessoa oferece uma jornada emocional e atmosférica contada através de duas perspectivas distintas.

Você começa a história como Jeanne, uma jovem francesa que, junto com seu fiel cão Capitaine, é a única sobrevivente de um naufrágio. As escolhas que você faz moldam sua história, e não apenas os eventos, mas também como ela percebe o mundo ao seu redor.

Se você se inclinar para a fé, ela se torna mais devota e dogmática. Se focar na sobrevivência e no pragmatismo, sua visão de mundo muda. O jogo faz você sentir o peso de cada decisão.

Mas em breve você jogará como Maikan, um caçador do povo Innu com uma visão diferente da terra. Sua história gira em torno da sobrevivência de seu povo, suas tradições e a ameaça iminente de apagamento cultural trazida pelos colonizadores.

Uma das coisas que mais gosto em Two Falls (Nishu Takuatshina) são as formas sutis como ele apresenta perspectivas diferentes. Por exemplo, Jeanne vê o ambiente de uma maneira mais monocromática e temerosa, enquanto Maikan enxerga o ambiente como mais colorido e acolhedor. Essa perspectiva dupla é poderosa e cria uma conexão profunda com os personagens.

O que mais amei foi como o jogo não força seus temas, mas sim confia que você perceberá as nuances.

O mundo é rico em exploração e com narrativa nos cenários. Você desvenda um mistério místico através de visuais envolventes e um design de som assombroso que o atrai ainda mais para o cenário.

O estilo artístico é magnífico e complementa o ritmo da jogabilidade. Isso me lembrou de Firewatch na forma como constrói lentamente a atmosfera e a conexão, não apenas através do diálogo, mas com o ambiente e os personagens secundários sendo tão importantes para a história quanto os protagonistas principais.

Se você está procurando uma experiência imersiva que desafia suas perspectivas em uma história lindamente e autenticamente elaborada, com um mistério místico para desvendar, Two Falls (Nishu Takuatshina) vale a jornada.

Bendy and the Ink Machine

Imagem do jogo bendy

Steven Allen: já se perguntou como seria se seus desenhos animados favoritos da infância tomassem um rumo sombrio? Bendy and the Ink Machine faz exatamente isso – e acredite, é tão assustador quanto cativante.

Lançado originalmente em 2018, a Joey Drew Studios recentemente lançou uma versão aprimorada para Xbox Series X|S, melhorando tanto os gráficos quanto o desempenho. É uma oportunidade perfeita para quem perdeu o jogo na primeira vez.

Este jogo de terror e quebra-cabeça em primeira pessoa te coloca em um antigo e abandonado estúdio de animação onde claramente algo deu muito, muito errado. Você joga como Henry, um ex-animador que retorna para desvendar os segredos por trás de uma misteriosa máquina de tinta – e dos personagens de desenho animado aterrorizantes que ela trouxe à vida.

Desde o início, Bendy te captura com seus visuais em tons sépia, estilo de desenho vintage e trilha sonora inquietante. É como entrar em uma versão distorcida de um rolo de desenho animado dos anos 1930. Enquanto explorava os corredores mal iluminados e resolvia enigmas, senti uma mistura de nostalgia e inquietação – como reviver uma memória que de alguma forma se deteriorou.

A jogabilidade combina terror, quebra-cabeças e exploração de uma forma que te mantém constantemente alerta. Embora você esteja, na maior parte do tempo, limitado a correr e se esconder dos monstros de tinta, em algum momento será possível enfrentá-los com um cano ou machado, embora, honestamente, às vezes pareça que é melhor desviar dos ataques e correr como se sua vida dependesse disso.

Isso me lembrou muito de Five Nights at Freddy’s ou Little Nightmares, com aquela mesma sensação de coração acelerado, tensão extrema e a escolha entre lutar ou fugir que tive ao jogar esses jogos. Mas o que mais amei foi como a história se desenrola lentamente, mantendo você na dúvida até o fim. Quer você seja alguém que goste de jogos de terror ou esteja simplesmente procurando algo único e memorável, Bendy estará lá… possivelmente bem atrás de você.